Os tempos estão a mudar rapidamente, não estão? Também têm essa sensação? Mais do que a sensação individual desta mudança de tempos, da sensação arrasadora de serem demasiadas notícias e demasiados problemas para processar individualmente, tenho a noção de que estamos – colectivamente – com falta de soluções.
O papel das alterações climáticas na condução das tendências migratórias atuais e futuras, juntamente com o estatuto legal das pessoas que migram como resultado dos impactos das alterações climáticas, é complexo e exige uma compreensão detalhada dos fatores subjacentes à migração.
Sabemos hoje que os desastres naturais provocam quase 14 milhões de deslocados por ano. À medida que a crise climática se aprofunda, os deslocados do clima também aumentam. Algumas projeções apontam para que em 2050 o número de deslocados ambientais seja superior a 143 milhões. De facto, a relação estabelecida entre os fenómenos naturais e o deslocamento forçado de populações é avassaladora.
No entanto, sabemos que existem outros fatores que condicionam estes números, nomeadamente a pobreza, os conflitos, as condições económicas, a degradação dos ecossistemas, a falta de governação, entre outros.
Como se não bastasse, e como bem sabemos, nenhum destes temas é uma ilha. Questões de género, orientação sexual, raça e classe social, entre outros, têm muito impacto na forma como determinado problema nos afeta, bem como naquilo que entendemos como solução.
Todos os dias, várias pessoas com as mais diversas experiências e pontos de vista, trabalham para deixar o mundo um bocadinho melhor do que o encontraram. Mas, no meio de tudo isto, que visão têm elas sobre esse mundo? Qual é a sua definição de impacto? Quais são, na sua perspectiva, as falsas soluções? Como é que podemos contribuir?
É precisamente na interligação temática entre estes desafios e o processo de desenvolvimento, bem como no nosso papel enquanto atores do desenvolvimento, que a Campanha #ClimateOfChange surge, e acaba a lançar um podcast chamado “Mudam-se os Tempos”, com o primeiro e segundo episódios já lançados em dezembro.
Enquanto apresentadora do podcast, quero que seja um espaço aberto de discussão, orientado para a solução. Todo o retorno construtivo e sugestões são bem-vindas. Semanalmente, vou conversar com ativistas da linha da frente e explorar como é que, com esta mudança de tempos, fazemos acontecer a mesma vontade de justiça global – Carolina Pereira
Este podcast surge da vontade de aprender com quem trabalha diariamente por um mundo mais justo, digno e sustentável. Espero que seja uma bonita jornada de aprendizagem conjunta.
As opiniões expressas no podcast são da exclusiva responsabilidade dos seus intervenientes e não refletem necessariamente as posições do IMVF e dos financiadores das campanha #ClimateOfChange.
Artigo adaptado. Original escrito pela Carolina Pereira para o Observador | publicado a 15.12.2021