A estrada para o desastre climático é feita de boas intenções

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A estrada para o desastre climático é feita de boas intenções

Quando comunicamos acerca de alterações climáticas com o intuito de provocar acções, é importante que a mensagem cumpra, de facto, esse objectivo. Apesar de gostarmos de pensar que não somos influenciáveis, uma das formas mais eficazes de alterar comportamentos, é mostrar que outros também o fazem.

Não se preocupe caro leitor, para já, esta afirmação não é apoiada por evidência científica. No entanto, todos já sentimos que as nossas intenções acabam por não corresponder aos nossos comportamentos. Quantas resoluções de Ano Novo ficaram por cumprir? Muitas, provavelmente.

A esta desconexão entre intenções e comportamento real, chamamos de intention-action gap. Enquanto que em termos globais o incumprimento de resoluções de ano novo é benigno, a constante inação ambiental tem consequências devastadoras.

Então, o que se pode fazer para que cada pessoa aja de forma mais proativa em relação ao ambiente? Bem, as Ciências Comportamentais têm a solução para este problema.

Em primeiro lugar, é importante retirar quaisquer barreiras comportamentais a ações desejadas, e dificultar ações indesejadas, nem que seja apenas um pouco. Quantos de nós deixámos de consumir sacos de plástico quando estes passaram a custar 10 cêntimos? Este exemplo demonstra como pequenas barreiras podem dificultar comportamentos. E entender essas barreiras é extremamente importante para motivar ações congruentes com o bem-estar do nosso planeta.

O que mais podemos fazer para diminuir esta discrepância entre intenções e ações?  Imagine que tem a intenção de reduzir o seu consumo de carne. A primeira coisa a fazer é imaginar como seria a sua vida se esse objetivo fosse, de facto, alcançado. De seguida é necessário identificar barreiras à sua concretização: “o restaurante onde vou não tem opções vegetarianas”, “às vezes apetece-me mesmo um bife”. Agora é necessário formular soluções para essas dificuldades: “levar comida de casa”, “comer um bife mais pequeno”. Assim, a partir desta simulação de dificuldades e planificação de soluções, a probabilidade de atingir o seu objetivo será mais elevada.

Quando comunicamos acerca de alterações climáticas com o intuito de provocar ações, é importante que a mensagem cumpra, de facto, esse objetivo. Apesar de gostarmos de pensar que não somos influenciáveis, uma das formas mais eficazes de alterar comportamentos, é mostrar que outros também o fazem. Por exemplo, um estudo da Universidade da Califórnia, realizado num hotel, visou aumentar a reutilização das toalhas por parte dos hóspedes, de forma a poupar recursos. Quando informaram os hóspedes que 75% dos outros reutilizavam as toalhas, esta mensagem levou a um aumento de 35% nesse comportamento. Ou seja, se outros fazem porque é que eu não haveria de fazer?

Aquilo que podes fazer é juntar-te a nós e a mais de 6000 pessoas como TU e assinar uma petição criada pela #ClimateOfChange que será apresentada diretamente à presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, na COP27.  Esta é uma afirmação categórica das preocupações e necessidades que todos sentimos em relação à ação ambiental.

Depois de assinar a petição, se quiseres saber mais, a #ClimateOfChange é um exemplo importante de uma campanha que procura implementar mudanças e consciencializar para este problema que é do passado, do presente, mas, principalmente do futuro. Com uma abordagem focada no conhecimento para a ação, esta campanha surge como um movimento na direção correta para a mudança de comportamentos, alinhados para um objetivo de desenvolvimento sustentável para o planeta e para a subsistência de todas as entidades que nele coexistem.

Todos podemos melhorar o mundo – uma escolha, um comportamento e uma ação de cada vez.

 

Artigo escrito por Alexandre Vieira e Lourenço Reis para o Megafone em Dezembro de 2021.

 

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