\u201cHoje, a seca piorou, porque chove menos e o solo est\u00e1 a ficar seco. (Sarah \u2013 \u00c1rea rural). Para os pastores, a falta de \u00e1gua representa um grave problema, devido ao facto de eles n\u00e3o conseguirem manter o seu gado. Por causa da seca na nossa zona, os animais deslocam-se de um lugar para outro \u00e0 procura de pastagens e \u00e1gua, e alguns dos nossos animais morreram por n\u00e3o haver chuva na nossa zona\u201d (Safia Maicha \u2013 Di\u00e1rio Clim\u00e1tico).<\/p><\/blockquote>\n
\u201cAs altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas est\u00e3o relacionadas com a inseguran\u00e7a alimentar, falta de rendimentos e fome do gado, por causa das secas\u201d (Abuya, mulher, \u00e1rea rural)<\/p><\/blockquote>\n
O Qu\u00e9nia <\/strong>\u00e9 considerado um pa\u00eds altamente vulner\u00e1vel aos impactos das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e uma forte tend\u00eancia de migra\u00e7\u00e3o rural-urbana deve-se a v\u00e1rios fatores, incluindo conflitos internos e desastres naturais. Em particular, secas e inunda\u00e7\u00f5es est\u00e3o a causar desloca\u00e7\u00f5es, especialmente entre os pastores que sofrem com a perda frequente de gado e o acesso limitado \u00e0 terra, aos recursos e mercados. O uso de despejos para realizar projetos de desenvolvimento e de prote\u00e7\u00e3o ambiental tamb\u00e9m contribu\u00edram para as desloca\u00e7\u00f5es, expulsando as pessoas de terras privadas, p\u00fablicas ou comunit\u00e1rias, tanto em \u00e1reas urbanas como selvagens. Embora o Qu\u00e9nia seja considerado um pa\u00eds de rendimento m\u00e9dio-baixo, os principais desafios continuam a ser a desigualdade e os n\u00edveis de pobreza do pa\u00eds, que aumentou a sua vulnerabilidade econ\u00f3mica a choques. Isso pode tamb\u00e9m levar as pessoas a migrar internamente ou para fora das fronteiras do Qu\u00e9nia em dire\u00e7\u00e3o aos Estados vizinhos ou \u00e0 Europa.<\/p>\nO mesmo cen\u00e1rio desolador de vidas em suspenso por causa das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas foram tamb\u00e9m estudados no Guatemala<\/strong>, no Senegal <\/strong>e no Camboja <\/strong>onde milhares de pessoas na procura de melhores condi\u00e7\u00f5es de vida migram e d\u00e3o in\u00edcio da uma jornada desconhecida, perigosa e pouco apoiada, uma vez que o Direito Internacional ainda n\u00e3o reconhece formalmente a figura do migrante clim\u00e1tico<\/strong>.<\/p>\nMas quem \u00e9 o migrante clim\u00e1tico? E como podemos discutir o nexo entre crise clim\u00e1tica e migra\u00e7\u00e3o de uma forma produtiva e ben\u00e9fica para aqueles cujas vidas e meios de subsist\u00eancia est\u00e3o em maior risco com a crise clim\u00e1tica? <\/em><\/h3>\nEstas s\u00e3o algumas das quest\u00f5es que este relat\u00f3rio aborda e que t\u00eam sido o foco de muito debate ao longo da campanha #ClimateOfChange, no \u00e2mbito da qual este relat\u00f3rio \u00e9 elaborado. <\/strong>Quest\u00f5es que, como tudo o que est\u00e1 relacionado com migra\u00e7\u00f5es, t\u00eam uma natureza profundamente pol\u00edtica. Para tentar responder-lhes, recorremos a estudos emp\u00edricos de quatro pa\u00edses: Camboja, Guatemala, Qu\u00e9nia e Senegal. O estudo foi conduzido pela equipa interdisciplinar de investigadores sediada na Universidade de Bolonha, a partir de sistemas sociol\u00f3gicos, agr\u00edcolas e alimentares combinados, perspetivas humanas, geogr\u00e1ficas e jur\u00eddicas, juntamente com organiza\u00e7\u00f5es parceiras no terreno, onde n\u00e3o tenha sido poss\u00edvel visitar os pa\u00edses do estudo de caso devido \u00e0 pandemia de COVID-19.<\/p>\nO sum\u00e1rio executivo<\/strong>, que hoje lan\u00e7amos, e o relat\u00f3rio final que ser\u00e1 divulgado em julho, baseiam-se nas perce\u00e7\u00f5es e realidades vividas por pessoas vulner\u00e1veis face ao clima nos quatro pa\u00edses dos estudos de caso<\/strong>, com o objetivo de centralizar os seus pontos de vista. Nestes pa\u00edses, para as pessoas sobre as quais este relat\u00f3rio se debru\u00e7a, a crise clim\u00e1tica n\u00e3o \u00e9 uma amea\u00e7a futura, como para muitos pa\u00edses da Europa (embora mesmo aqui os inc\u00eandios florestais, secas e a eros\u00e3o costeira ocorram cada vez mais).<\/p>\nPara as pessoas deste relat\u00f3rio, a crise clim\u00e1tica \u00e9 uma realidade do aqui e agora, que exige aten\u00e7\u00e3o e respostas pol\u00edticas neste momento.<\/strong><\/p>\nL\u00ea o sum\u00e1rio executivo <\/strong>aqui<\/strong><\/a><\/p>\nAssiste \u00e0s hist\u00f3rias de vida <\/strong>aqui<\/strong><\/a><\/p>\n <\/p>\n
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